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novembro #18

V.2 n.9 2017

REBATE À CRÍTICA SUBSTANTIVO DERIVADO

Por Isaura Tupiniquim

Feliz de perceber como é possível provocar tais reflexões a partir do trabalho. 

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É uma crítica poética, filosófica e crítica com doçura.

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Acho uma responsabilidade muito grande fazer um rebate à sua crítica, porque ela demanda uma pausa... e um silêncio, alguns respiros e um mergulho nas águas do que foi o processo de criação, do encontro com Leo e Sheila, o desafio de fazer coisas que sempre desejei e outras que não sei muito bem porque faço, de perceber a minha transformação enquanto artista e mulher em estado de "desterritorialização"... Entre outras coisas, de aceitar que dessa vez estou falando sim de mim e não só de algo fora de mim que me afeta... Mas, gostaria de não pessoalizar tanto em rebate público, apesar da crítica ter me convocado a uma conversa com chá e vento entrando pela janela, seu filho, vc... e esse monte de pensamentos que não são só seus, foram nossos também durante o processo e ainda são, ainda falamos muuuito sobre como explodir essa multiplicidade em devires e em como escapar dessa temporalidade

concatenada que o trabalho assumiu. Mas preciso dar tempo a esse trabalho, tenho a sensação que eu não controlo completamente ele, ele vai me dando sinais em cada momento com cada plateia ou espaço, coisas vão ficando mais fortes outras mais opacas, e assim sinto que ele é vivo e que ainda tem muito chão pela frente. Desejo que esse trabalho seja cada vez mais povoado, mas eu sou um corpo, um corpo é um limite e me pego em dilemas sobre aquilo que tenho apego, mas pode ser desnecessário, aquilo que tenho preguiça mas que é muito potente... Sinto que sou muito mais viva quando preciso lidar com estados de presença menos estáveis... em ópera nuda a própria lógica do trabalho faz com que não haja espaço para dúvida, mas ao mesmo tempo eu sentia que com essa estratégia de composição o trabalho não dilatava as questões que trazia... quando convidei Leo para me dirigir eu desejava realmente fazer algo "mais arrumado"rs e tinha comigo algo muito forte, e ainda tenho, que era evidenciar de alguma maneira "uma linguagem mais direta com um público diverso" e que essa comunicação fosse também uma espécie de ativismo por isso a Suélen Sangalo é tão forte, pq ela traz a tona um desejo muito íntimo de

nascer... quando vc fala do momento da banana  como sendo algo indiferente, fico triste, pq aquele momento pra mim durante o processo sempre foi muito emocionante, dava vontade de chorar lembrando do meu avô no sítio, ou do meu pai na varanda de pernambués... mas depois, começou a vir também, com essa imagem, algo de feminista, um momento de matar a fome de tudo cortando o falo... enfim, lombras! Enquanto estou escrevendo percebo que seu olhar fez viver o trabalho em mim novamente, quando achava que não conseguiria te dizer nada pelo nível de reflexões do seu texto, me pego pensando em mim pra pensar no "objeto"... agora que dispersei um pouco do fluxo de pensamentos que vc me levou. vou te pedir mais um tempo... pra rebater talvez de outros modos, performando outras presenças de nós para além dessa aqui.

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